O CAMINHO DA VOZ


As oficinas de Jorge Parente incidem sobre o método a que Zygmunt Molik chamou “Voz e Corpo”. Este método teve um impacto transformador no treino vocal para actores e nas práticas teatrais em todo o mundo.

Zygmunt Molik inventou um “Alfabeto do Corpo”. Cada “letra” desse alfabeto foi estruturado para servir a voz. Acções físicas precisas que mobilizam o Ser na sua globalidade e convidam cada um a explorar e a descobrir a sua própria voz. A prática deste alfabeto, baseada numa conexão entre o corpo, a voz e a respiração, liberta uma energia criativa mais rica e subtil. Esta é uma ferramenta de desenvolvimento pessoal formidável. É o resultado de cinquenta anos de investigaçao de um Artista/Pesquisador/Pedagogo.

Eis como Jorge Parente descreveu a sua experiência a partir do seu trabalho como estudante desta prática:

“18 anos a procurar e a explorar o « alfabeto do corpo » proposto por Zygmunt Molik; uma prática exigente, a todos níveis: físico, psíquico, social, e enquanto forma de vida. 18 anos a cantar e a dizer palavras dos poetas e autores dramáticos; 18 anos de pesquisa sobre o canto, a palavra e as suas sonoridades, sobre a relação da voz com o espaço e com os outros; sobre a respiração, os ritmos, a temporalidade... Todas estas vivências inscrevem-se na consciência do meu corpo e fizeram-me descobrir que a minha via é O CAMINHO DA VOZ. A voz humana é ao mesmo tempo ADN e impressão digital, a filiação que mais nos identifica; ela é o fio que nos religa ao passado, para compreendermos o nosso presente e sonharmos o nosso futuro. “

As formações, abertas a profissionais do teatro e canto e ao público em geral amante do canto, consistem em oficina práticas e intensivas. As oficinas têm a duração mínima de 5 dias de trabalho intenso de 4 horas diárias dedicadas exclusivamente ao movimento, respiração e canto, mas podem extender-se a várias semanas de 6/8 horas diárias. Regra geral, as oficinas têm um máximo de 15 participantes.

A metodologia de trabalho pode ser definida a partir de um percurso: a voz emerge a partir da movimentação do corpo; ao realizá-la, dinamiza-se no indivíduo a emergência de uma vibração incorporada. O fenómeno vocal que daí resulta é concebido, não unicamente enquanto processo fisiológico, mas também enquanto prolongamento, tanto de um estado mental, como duma identidade. Para que se possa atingir essa outra conexão, a exploração vocal terá que mobilizar todas as camadas do Ser. Por via do corpo e da voz, cada participante é convidado a descobrir e a experimentar a sua própria identidade vocal e caminhar em direcção ao desconhecido.

Algumas linhas de trabalho das oficinas:
1) aprendizagem do “Alfabeto do corpo” – conjunto de e repetição de um alfabeto de ações físicas precisas que mobilizam todo o corpo e activam os impulsos vocais;
2) pesquisa pessoal, onde se associa livremente os elementos do “Alfabeto do corpo”, espécie de improvisação que dialoga com as vivências de cada um;
3) exploração e harmonização da respiração e do movimento ao serviço da voz, individual e colectivamente;
4) trabalho individual sobre um texto e uma canção propostos pelo participante.